Com os reajustes anunciados pela Petrobras nesta quinta-feira (10), os caminhoneiros sentirão no bolso um aumento de 25% no diesel, já aplicado nas bombas a partir desta sexta (11). Nesse cenário, a dúvida que surge para os profissionais e empresas do setor é se esse impacto está relacionado à guerra entre Ucrânia e Rússia. A resposta é que sim, porém não podemos deixar de lado as demandas anteriores ao conflito, que já impactaram e muito 2021 – com uma alta de 47% no valor do diesel.
O que causou o aumento anterior?
Com a retomada das atividades econômicas após um longo período de medidas restritivas contra a Covid-19, a oferta mundial de petróleo não era suficiente para a demanda mundial. No Brasil, o cenário é ainda pior devido à desvalorização do real ante ao dólar.
Como a guerra com a Ucrânia e a Rússia afeta o preço?
O petróleo é uma commodity, ou seja, uma matéria-prima atrelada às leis globais de oferta e demanda devido a sua característica uniforme, não apresentando diferença sobre quem ou onde é produzida. Sendo assim, seu preço é definido de maneira global.
Com o recente conflito, os países ocidentais aderiram a sanções econômicas como tentativa para frear as ações russas. Mesmo que não sejam direcionadas diretamente ao petróleo russo, as sanções afetam a logística de venda e compra do país – segundo maior produtor mundial da matéria. As refinarias se recusam a comprar, bancos não financiam os embarques e há risco de ataques a embarcações e tripulações que naveguem pela região. Sendo assim, a demanda diminui ainda mais, ao mesmo tempo que a oferta continua crescente, o que reflete nos valores do barril de petróleo.
Para especialistas, os preços devem continuar em alta enquanto o conflito durar e até mesmo no período posterior, já que a negociação com a Rússia não será mais tão amigável.
Medidas do governo brasileiro
Ainda nesta quinta, o Senado aprovou um projeto que cria a Conta de Estabilização dos Preços dos combustíveis (CEP), que tem como objetivo frear essa alta. A proposta ainda deve ser aprovada na Câmara dos Deputados, porém a previsão é de que, se aceito, o benefício só seja implementado após o período eleitoral.
Outro projeto também aprovado pelo Senado na mesma data altera a regra de incidência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre combustíveis. Na proposta, o tributo estadual será cobrado apenas uma vez, ao contrário do que é realizado atualmente. O texto também retorna a Câmara dos Deputados para aprovação final.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também afirmou que, caso a guerra se prolongue, o governo estudará um subsídio ao diesel.